Calf Note #153 – Conheça seus aditivos!

Clique aqui para uma versão em PDF desta Calf Note

Introdução

Recentemente viajei. Completei um “tour” acerca dos processos de criação de bezerros, por vários locais dos Estados Unidos – Oeste, Centro e Sul. Surpreendeu-me a variedade de procedimentos usados pelas pessoas ara alimentar os bezerros e o modo como os resíduos de leite são usados em vários programas. 

Alguns produtores usam os resíduos de leite para alimentar seus bezerros novos. Eles acreditam que o conteúdo de nutriente é maior (no leite, aproximadamente 26% de proteína e 28% de gordura bases de DM) é melhor para os bezerros com menos de três semanas do que substitutos do leite. Outros produtores alimentam seus bezerros mais velhos somente com resíduos de leite, estes afirmam que a variação nos nutrientes e a presença de antibióticos tornavam muito difíceis o manejo para bezerros novos. Alguns outros produtores misturavam resíduos de leite com leite fresco, substitutos de leite ou várias combinações. Curiosamente cada um deles estava convencido que a sua abordagem era a melhor e que as abordagens dos outros produtores não se adequavam as suas necessidades.

Aditivos incríveis

Dentre as observações mais surpreendentes que percebi nestas programas antes mencionados foi a ampla variedade de aditivos que são adicionados aos resíduos de leite (até mesmo nos substitutos do leite).  Percebi que alguns produtores demonstram pouco entendimento a respeito das razões porque usam estes aditivos. Não quis implicar cada um dos produtores. Alguns demonstravam estarem bem informados em relação a nutrição adotada. Todavia, alguns produtores cometeram enganos elementares acerca de como e porque os produtos servem à alimentação. A seguir apresento alguns exemplos;

Medicação duplificada.  Chegamos logo pela manhã em dos procedimentos para observar a alimentação dos bezerros. Os resíduos do leite vindos do laticínio havia chegado  aproximadamente duas horas mais cedo e a pasteurização havia sido recém finalizada com “ “alguns dos produtos” para tornar o leite mais nutricionalmente completo e afastar a possibilidade de diarréia (na opinião do cuidador). Observei o primeiro produto – a neomicina e a oxitetraciclina que foram combinadas pela loja veterinária fornecedora local. O produto continha uma dose completa de antibióticos para controlar a diarréia.

O cuidador disse-me que o produto ajudava a controlar a diarréia, geralmente em bezerros novos. Observamos o segundo produto – uma vitamina/mineral misturada para complementar o leite na sua totalidade. Este oferece altos níveis de vitamina A, D, E, ferro, selênio e outros minerais. Ele também contém uma dose completa de neomicina e de oxitetraciclina. Estes bezerros estão recebendo DUAS doses de antibióticos no leite que ingerem a cada dia! Quando informei o criador de bezerros, ele disse-me que havia comprado o produto suplemento do representante responsável pela alimentação. O cuidador garantiu-nos que o representante responsável pela alimentação sabia que eles estavam alimentando os animais com produtos contendo neomicina e oxitetraciclina. Todavia o representante jamais havia observado este procedimento alimentar e não sabia que eles estavam alimentando os animais com tais produtos.

Mas e os bezerros? Eles pareciam saudáveis. As diarréias estavam sob controle e os bezerros aparentavam saúde. Entretanto, eles estavam alimentando os animais e violando os níveis de antibióticos, deste modo, a saúde dos bezerros poderia estar em risco. As altas doses de antibióticos podem destruir os intestinos (e potencialmente a função ruminal) as bactérias, desordenam a digestão e faz com que os bezerros estejam MAIS susceptíveis a diarréia. O risco dos bezerros reterem antibióticos em seus tecidos é também muito elevado. Recomendo que interrompam imediatamente a oferta do primeiro produto (a neomicina e de oxitetraciclina) e que todo o programa alimentar deva ser revisado para verificar a duplicidade e consequentemente economia de despesas.

Medicamento CMR. Sabemos que resíduos de leite podem apresentar variações de conteúdos sólidos. (para mais informações, veja Calf Note #148).  Muitos criadores usam o refratômetro para monitorar os sólidos CMR e acrescentar sólidos adicionais para padronizar os conteúdos sólidos.

Joe criou cerca de 1.000 bezerros hutch para muitos laticínios no sudoeste dos Estados Unidos. Os resíduos de leite vindos destes laticínios apresentaram uma variação de 9% a 13% de sólidos. A variação não pareceu ser consistente (embora ele não tenha feito o registro dos conteúdos sólidos para analisar as variações) Seu alimentador de bezerros mediu os sólidos diariamente e acrescentou quantidades diferentes de CMR dependendo dos sólidos presentes naquele dia específico no leite. O CMR apresentou 20/20 no produto que continha neomicina e oxitetraciclina. Perguntei-lhe sobre o CRM como se eu não soubesse que os fabricantes fazem ainda muitas fórmulas CRM com esta medicação.

Ele disse-me que havia solicitado especificamente pela medicação “preciso de sua ajuda para os bezerros com diarréia”. Disse a Joe que o acréscimo de uma pequena quantidade de CRM que ele adicionou diariamente por bezerro (aproximadamente 240 gramas para 6 L de leite ele alimentou de 9 to 13%) não estava fornecendo uma dose eficiente de antibiótico. Adicionado o CRM ele somente aumentou o risco de desenvolver resistência anti bacterial e minimizar a eficácia dos antibióticos para quando realmente fosse necessário. Recomendei-lhe a substituição da medicação CRM para uma medicação sem variedades.

Probióticos  antibióticos. Na California visitei um criador que acreditava plenamente no uso da bactéria probiótica para auxiliar seus bezerros a manter uma digestão saudável. Ele leu a pesquisa (incluindo Calf Note #91) e alguns meses antes da minha visita, ele conduziu um estudo em sua propriedade com produtos probióticos.

Recentemente, o custo de CMR forçou os produtores a trocar o uso de CMR por uma combinação de resíduos e CRM. O resíduo vindo de produtores de leite (este produtor criou bezerros para 3.000 vacas leiteiras) e era uma combinação de leite do banco de leite e excesso de colostro. Perguntei-lhe quais as possibilidades para que os resíduos de leite contivessem antibióticos? As possibilidades são muitas. Ele disse-me “é por isso que não podemos vender a substância”.

Enfatizei-lhe que os probióticos são bactérias e suscetíveis a ação dos antibióticos nos resíduos de leite que ele estava usando. Embora as quantidades de antibióticos nos resíduos de leite tenham variado diariamente, havia ainda, a possibilidade dos níveis serem suficientemente altos para desativar a bactéria que ele estava tentando alimentar. Sugeri que talvez a abordagem probiótica não fosse eficaz porque ele havia misturado com antibióticos os resíduos de leite.

Aquecimento e proteínas. O exemplo final veio de um laticínio que usava a proteína do ovo como fonte de “proteínas funcionais” (por exemplo, os anticorpos) para auxiliar o trato em relação às dificuldades com a salmonela ocorridas na fazenda. O cuidador de animais, José, soube através de colegas que as proteínas do ovo contêm anticorpos específicos que auxiliariam a atuação contra as bactérias e quis então usá-los. José usou resíduos de leite do laticínio que já encontrava-se pausterizado anterior a alimentação. Ele considerou ser de maior eficiência adicionar o pó de ovo aos resíduos de leite antes da pasteurização. A mistura foi então pasteurizada usando altas temperaturas reduzindo assim o tempo de pasteurização.

É evidente que algumas proteínas serão desnaturadas e perderão a sua função em altas temperaturas. Não estou completamente seguro que os anticorpos dos ovos sobreviverão a pasteurização. Talvez sim. Talvez não. Sugeri a José que minimizasse o risco de desnaturação das proteínas (e perda da eficácia) do pó de ovo se ele misturasse-o APÓS a pasteurização. Muito provavelmente o produto não contenha grandes quantidades de bactéria, assim, não haveria necessidade de pasteurizar o pó de ovo. José pensou que este procedimento era uma opção cautelosa e disse-me que alteraria o procedimento para adicionar o pó de ovo após a pasteurização.

Resumo É importante saber com o que você alimenta os seus bezerros. Observe o programa na sua totalidade. Considere não somente os nutrientes, mas também, os aditivos. A medida que os nossos programas tornam-se mais complexos e sofisticados, é fácil não perceber a duplicidade de nutrientes e antibióticos. Compreendo, ao mesmo tempo, afirmo que o seu manejo pode interferir nos objetivos propostos dos aditivos que você usa. Lembre-se, não há absolutamente nada que se possa colocar em uma mochila que substitua um bom manejo/gerenciamento.  Atenção redobrada. Tenha o olhar de águia sobre os seus bezerros, isso o ajudará a ser mais eficaz na escolha dos aditivos para a alimentação de seus animais.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

This site uses Akismet to reduce spam. Learn how your comment data is processed.