Calf Note #256 – Desenvolvimento Profissional em Zootecnia

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Traduzido por: Ana Luiza Resende e Rafael Azevedo

Introdução

Criar bezerros é tanto ciência quanto arte. No entanto, a parte científica da nutrição e manejo de bezerros continua a se expandir, e a profundidade de conhecimento necessária para criá-los com sucesso e eficiência parece aumentar exponencialmente. Novos desenvolvimentos em programas de alimentação, efeitos do manejo nos primeiros dias de vida sobre a futura produção de leite e longevidade, e muitas outras descobertas tornam cada vez mais desafiador “manter-se atualizado” com os avanços mais recentes da indústria.

Este Calf Note é, de certa forma, um “artigo de opinião”, no qual defendo que o desenvolvimento profissional contínuo é essencial para zootecnistas, seja trabalhando com bezerros, vacas ou outros animais.

Para muitos zootecnistas, a formação formal termina na graduação, seja em um curso de bacharelado, mestrado ou doutorado. Guardamos o diploma e seguimos para uma nova fase da vida, atuando em algum setor da indústria – acadêmico, empresarial, etc. O risco é que haja pouco desenvolvimento contínuo do conhecimento em aspectos fundamentais da área. Esses profissionais acabam ficando “obsoletos”, menos relevantes e valiosos para a organização à qual pertencem e para seus clientes. Por isso, a educação continuada é tão importante.

Muitas organizações profissionais exigem que seus membros completem cursos de educação continuada ao longo da carreira. O número de cursos (créditos) depende da certificação, mas todos os membros profissionais precisam cumpri-los. Um exemplo é a profissão veterinária. Veterinários são obrigados a completar anualmente um certo número de créditos “RACE” (Registro de Educação Continuada Aprovada). O RACE é uma função da Associação Americana dos Conselhos Estaduais de Medicina Veterinária, que estabelece padrões para educação e formação continuada de veterinários. Isso faz todo sentido – certamente queremos que nossos veterinários prestem um excelente atendimento e estejam atualizados sobre os avanços da medicina veterinária enquanto exercem sua profissão.

Na área de Zootecnia, o Registro Americano de Cientistas Animais Profissionais (ARPAS) cumpre uma função semelhante. De acordo com seu site, o ARPAS “fornece certificação de cientistas animais por meio de exames, educação continuada e compromisso com um código de ética, além de divulgar informações científicas aplicadas por meio de uma publicação revisada por pares”. Esse é um objetivo importante e válido, e recomendo que todos os cientistas animais, em qualquer nível – graduação, mestrado ou doutorado – sejam membros do ARPAS e assumam o compromisso com a ética e a conduta profissional. Um trecho do Código de Ética do ARPAS afirma:

Todo cientista animal assume a obrigação de promover a ciência e a arte da profissão, proteger e manter seus altos padrões e se conformar aos melhores princípios de conduta profissional.”

Sou membro do ARPAS há muitos anos e acredito na necessidade de continuar desenvolvendo o profissionalismo da área, mas também em ampliar constantemente minha própria competência como cientista animal. Assim como veterinários, os membros do ARPAS precisam apresentar créditos de educação continuada para garantir que cresçam profissionalmente e mantenham suas habilidades técnicas. Reuniões como a Sociedade Americana de Ciência Animal (ASAS) e a Associação Americana de Ciência de Laticínios (ADSA) são reconhecidas para créditos do ARPAS, assim como conferências de nutrição e reprodução nos Estados Unidos e no Canadá. Mais informações estão disponíveis no site do ARPAS.

Outras organizações também estão formando sociedades profissionais para promover o desenvolvimento técnico e profissional contínuo de seus membros. Por exemplo, a empresa em que trabalhei é a Cargill. A companhia criou uma organização chamada “Alaatus”, com o objetivo de “aprofundar o conhecimento, as competências e o desenvolvimento dos principais talentos técnicos voltados para o mercado, ao mesmo tempo em que promove suas carreiras e gera valor para a Cargill e seus clientes”. O número de zootecnistas que trabalham para a Cargill é considerável e, em muitos países ou regiões, rivaliza com o de faculdades de Agronomia das maiores universidades do setor. Certamente isso também ocorre em outras empresas do agronegócio. A Cargill reconheceu a necessidade de oferecer educação continuada e desenvolvimento profissional a seus cientistas de alto desempenho. O programa Alaatus fornece educação continuada em diferentes espécies e funções, permitindo que os participantes aprendam sobre negócios, liderança e cooperação interfuncional. E, claro, realizam “imersões” em áreas técnicas importantes, como melhoria da sustentabilidade, lucratividade vitalícia de vacas leiteiras e muitos outros tópicos.

O programa Alaatus é um exemplo do reconhecimento de que o desenvolvimento profissional contínuo e a ética profissional são críticos para o sucesso da indústria. Organizações como o ARPAS fornecem uma certificação independente e imparcial das habilidades de um cientista, além de assegurar o compromisso com a ética profissional. Dentro das empresas privadas, programas como o Alaatus oferecem reconhecimento, além de uma plataforma para continuar crescendo profissionalmente. É fundamental que, como cientistas, sigamos em constante evolução, e participar de organizações como essas é essencial para o crescimento profissional.

Confira o ARPAS. Se você é um cientista comprometido com o desenvolvimento de uma indústria profissional e ética, considere se tornar membro e dar os passos para integrar a comunidade ARPAS.

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