Calf Note #227 – Pesquisa recente sobre criptosporidiose, parte 1

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Traduzido por: Paula Tiveron e Rafael Azevedo

Introdução

No ano passado, vários artigos científicos interessantes publicaram informações importantes sobre infecções por Cryptosporidium em bezerros jovens e bovinos mais velhos. Como o “crypto” é uma doença economicamente importante na criação de bezerros, achei que seria valioso dar uma olhada em vários estudos separadamente. O primeiro vem da Universidade de Santiago de Compostela, no noroeste da Espanha.

A Pesquisa

Os pesquisadores visitaram fazendas de leite (n = 86) e corte (n = 60) localizadas em todo o noroeste da Espanha e coletaram amostras fecais (n = 594) de bezerros e vacas. Todas as amostras foram coletadas de animais saudáveis – ou seja, nenhum animal apresentava sinais clínicos de criptosporidiose no momento da coleta. As amostras foram armazenadas por alguns dias, depois analisadas por meio de técnicas moleculares de DNA de várias espécies de Cryptosporidium

Os Resultados

Das 594 amostras coletadas, 99 foram positivas para DNA de Cryptosporidium, para uma prevalência de 16,7%. Pelo menos uma amostra foi positiva em 45% das fazendas (64 fazendas). As espécies mais comuns foram C. parvum (42/99) e C. bovis (36/99).  Outras espécies de Cryptosporidium foram encontradas com menor frequência. Como podemos ver claramente na Figura 1, os animais com maior prevalência de qualquer Cryptosporidium foram bezerros com < 1 mês de idade. Mais de 80% das amostras foram positivas para C. parvum.

Com o avançar da idade, a prevalência diminuiu e o tipo de organismo mudou. Podemos observar que a proporção de C. bovis aumentou nos grupos 1-2, 2-12, e 12-24 meses. Vacas mais velhas tinham uma “bolsa mista” de várias espécies de Cryptosporidium e podiam ser consideradas um reservatório de infecção para os animais mais jovens.

Muitos estudos relataram que C. parvum é o organismo mais comumente associado à criptosporidiose em bezerros jovens. Acredita-se que bezerros com menos de 1 mês de idade são particularmente suscetíveis devido ao seu sistema imunológico imaturo e, à medida que a imunidade ativa se desenvolve, eles se tornam menos suscetíveis à infecção.

Também é interessante notar que, embora as amostras tenham sido retiradas de animais saudáveis, uma porcentagem significativa de animais foi positivo para Cryptosporidium em suas fezes. Quase 30% dos bezerros com <1 mês de idade foram positivos para Cryptosporidium, e principalmente C. parvum. É importante observar que C. parvum é zoonótico – ou seja, causa doenças em humanos e em bezerros. Portanto, cuidados especiais devem ser tomados por indivíduos para evitar possível contaminação com oocistos de bezerros jovens. Indivíduos com qualquer tipo de supressão imunológica estão particularmente em risco e devem evitar o contato com bezerros jovens.

Resumo

Uma porção significativa de bezerros eliminou espécies de Cryptosporidium em suas fezes, embora fossem clinicamente saudáveis e não apresentassem sinais de doença. Além disso, o tipo de organismo muda com o avanço da idade e, provavelmente com a maturação do sistema imunológico do bezerro.

Referência

Diaz, P., E. Navarro, S. Remesar, D. García-Dios, N. Martínez-Calabuig, A. Prieto, G. López-Lorenzo, C. M. López, R. Panadero, G. Fernández, P. Díez-Baños and P. Morrondo. 2021. The age-related Cryptosporidium species distribution in asymptomatic cattle from north-western Spain. Animals. 11:256. https://doi.org/10.3390/ani11020256.

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