Autor: Jim Quigley
Traduzido por: Ana Luiza Resende e Rafael Azevedo
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Introdução
Os bezerros utilizam energia para manter a temperatura corporal quando ela está fora da “zona termonêutra”. A Figura 1, retirada da publicação do NRC 2001 sobre necessidades nutricionais de animais domésticos, ilustra essa zona nos animais. A “temperatura ambiente efetiva” é a temperatura que o bezerro realmente sente, não necessariamente a temperatura registrada por um termômetro.
Quando expostos ao estresse térmico, os bezerros perdem calor por meio de várias estratégias comportamentais e metabólicas, incluindo mudança de postura, redução da ingestão de alimentos, redistribuição do fluxo sanguíneo e, claro, suor. Ao contrário de vários “mitos urbanos” nas redes sociais, o bovino realmente transpira. Isso representa cerca de 80% da perda de calor. O bovino depende das glândulas apócrinas como as principais glândulas sudoríparas para produzir suor e proporcionar resfriamento térmico (Hamazaoui et al., 2017). Um diagrama esquemático dessas glândulas está na Figura 2.
A pesquisa
Estava interessado em entender a perda relativa de água em bezerros durante o estresse térmico e encontrei um artigo muito interessante de Gebremedhin et al. de 1981. Neste estudo, os bezerros foram alojados em uma câmara respiratória onde os pesquisadores puderam medir o calor produzido pelo bezerro e as perdas de água pela respiração e suor dos animais. Eles mantiveram temperaturas entre 0°C e 36°C para medir os efeitos tanto do calor quanto do frio. Devo observar que a umidade relativa nas câmaras foi mantida constante em 50%.
Os resultados são mostrados na Figura 3 para perda de água na respiração (e respiração ofegante durante o estresse térmico) e perdas por suor na Figura 4.
Não houve efeito da idade nas perdas de água ou no calor produzido pelo bezerro quando expresso como uma unidade de peso corporal (PC). No entanto, os bezerros estavam consumindo apenas leite, portanto não ocorreu desenvolvimento ruminal (que contribui para a produção de calor) durante o experimento.
Na Figura 3, vemos que as perdas respiratórias de água foram baixas – cerca de 0,3 g por hora por quilo de peso corporal do bezerro. A partir de 19°C, as perdas de água aumentaram até um máximo de cerca de 0,9 g por hora por kg a 36°C. Tomei a liberdade de interpolar os dados e realizar uma equação de regressão dos valores de 17° a 36°C. A equação foi Y = -0,256 + 0,034 × Temperatura. Utilizei esta equação para calcular a quantidade de água perdida para vários pesos corporais e temperaturas, como na Figura 5. Vemos que um bezerro de 50 kg perde cerca de 1 quilo (litro) de água por dia a 20°C em respiração, mas perde cerca de 40% a mais a 30°C (1,4 quilos). A perda de água respiratória em ambientes quentes é significativa.
Uma situação semelhante ocorreu com a água perdida no suor, como pode ser visto na Figura 4. Até os bezerros atingirem 19°C, havia muito pouca perda de água pelo suor. As perdas aumentaram linearmente com o aumento da temperatura até 36°C, como era de se esperar. Os bezerros suavam mais à medida que a temperatura aumentava e, como resultado, perdiam mais água no suor. A 36°C, a perda de água aproximou-se de 4,5 g por hora por quilo de peso corporal. Novamente, regressei a perda de água na temperatura para desenvolver uma equação de regressão: Y = -4,559 + 0,254 × Temperatura.
Realizei um cálculo semelhante para estimar a quantidade de água perdida na respiração e no suor para bezerros em vários pesos corporais e temperaturas, Figuras 5 e 6. Você pode ver que as perdas devido ao suor foram muito maiores – e bastante significativas em temperaturas altas. Por exemplo, um bezerro de 60 kg perderia cerca de 1,7 litros de água por ofegação a 30°C e outros 4,4 litros por suor, totalizando uma perda de cerca de 6 litros por dia.
Podemos usar a soma de ambas as tabelas para estimar quanto de água um bezerro pode perder em condições de calor. É claro que precisamos garantir que os bezerros tenham acesso à água limpa para que tenham a oportunidade de repor essa água. Muitos produtores que criam bezerros em climas quentes oferecem aos bezerros eletrólitos diluídos adicionais como forma de fornecer água e eletrólitos – especialmente sódio – já que este é um mineral primário perdido no suor.
Resumo
Bezerros perdem uma quantidade significativa de água tanto nas perdas respiratórias quanto no suor. Os produtores devem estar cientes dessas perdas e tomar medidas para repor a água perdida, fornecendo água limpa e eletrólitos em alimentações adicionais quando os bezerros são expostos ao estresse térmico. Este artigo interessante fornece um método para estimar essas perdas e uma diretriz para reposição.
Referências
Gebremedhin, K. G., C. O. Cramer, W. P. Porter. 1981. Predictions and Measurements of Heat Production and Food and Water Requirements of Holstein Calves in Different Environments. Trans. ASAE. 24:715-072. https://doi.org/10.13031/2013.34326.
Hamzaoui, S., C. A. Burger, J. L. Collier, and R. J. Collier. 2017. Technical note: Method for isolation of the bovine sweat gland and conditions for in vitro culture. J. Dairy Sci. 101:4638–4642. https://doi.org/10.3168/jds.2017-14056.