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Introdução
O colostro da vaca pode variar muito em sólidos, proteínas, concentração de gordura e IgG. Podemos estimar a qualidade em geral do colostro através da estimativa da concentração de sólidos usando um refratômetro de BRIX, no entanto – o que acontece quando descobrimos que o colostro pode estar com uma concentração baixa de IgG para alimentar o bezerro? Geralmente consideramos que o colostro com menos de 50 gramas de IgG por litro não fornecerá IgG suficiente para fornecer ao bezerro imunidade satisfatória após 24 horas de vida (fechamento do intestino).
Então, o que fazer? Uma abordagem que tem sido sugerida é complementar ou “enriquecer” o colostro materno (CM) com um produto substituto de colostro em pó (CR). Um resumo apresentado na Reunião Anual da ADSA de 2022, da Universidade de Guelph falaram exatamente isso. Os resultados forneceram uma visão interessante sobre o que acontece quando suplementamos o colostro materno.
A Pesquisa
Bezerros Holandês machos (n = 80; 16 bezerros por tratamento) foram alimentados com 3,8 litros de colostro aleatoriamente atribuídos para serem alimentados com 3,8 L de colostro contendo 30 (C1), 60 (C2), ou 90 (C3) g de IgG por litro. O tratamento C1 foi suplementado com 551 g de CR para atingir uma concentração final de 60 g/L (30-60 CR), o C2 foi enriquecido com 620 g de CR para produzir uma concentração final de 90 g/L (60-90 CR). O colostro em pó continha 27% de IgG, 3,7% de gordura, 13,6% de proteína, e 4,3% de lactose e foi reconstituída para 25,5% de sólidos a serem adicionados ao colostro materno. Todos os bezerros foram alimentados por sonda. Um subconjunto de 40 bezerros (8 por tratamento) teve um cateter colocado e foram alimentados com colostro com acetaminofeno para estimar a taxa de esvaziamento do abomaso por hora. Foram coletadas amostras periodicamente de sangue e analisadas para IgG por imunodifusão radial e para acetaminofeno para estimar a taxa de esvaziamento do abomaso.
Item | C1 | C2 | C3 | 30-60CR | 60-90CR |
IgG/L fornecido (gramas) | 30 | 60 | 90 | 60 | 90 |
Colostro em pó adicionado (gramas) | 0 | 0 | 0 | 551 | 620 |
IgG consumido (gramas) | 114 | 228 | 342 | 228 | 342 |
IgG sérico 24 h (g/L) | 11,8d | 24,3b | 35,7a | 19,9c | 26,9b |
Eficiência absortiva em 24 h (%) | 42ab | 45a | 43a | 36bc | 33c |
Taxa de esvaziamento do abomaso (%/hr) | 0,16a | 0,13b | 0,11c | 0,09c | 0,09c |
Os Resultados
Bezerros alimentados apenas com colostro materno (C1, C2 e C3) consumiram 114, 228 e 342 g de IgG. Quando o tratamento C1 foi suplementado com CR (30-60CR), a ingestão foi semelhante à de C2. Da mesma forma, bezerros alimentados com C3 e 60-90CR consumiram a mesma massa de IgG (342 gramas).
As concentrações de IgG séricas aumentaram com o avanço da idade para aproximadamente 12 horas de idade, e depois estabilizaram (Figura 1). Os bezerros foram alimentados pouco depois do nascimento e apenas uma vez, por isso estes gráficos mostram a evolução da absorção de IgG desde a primeira refeição.
Podemos ver que o aumento da quantidade da concentração de colostro materno (C1, C2 e C3) resultou no aumento da concentração sérica de IgG, como esperávamos. Às 24 horas de idade, bezerros alimentados com C1, C2 e C3 tinham 11,8, 24,3 e 35,7 g de IgG por litro de soro, respectivamente (Dados na tabela). A eficiência de absorção não foi diferente com o colostro natural, que foi aproximadamente 43%.
De acordo com o modelo do tratamento, devemos comparar os tratamentos C2 e 30-60CR, bem como os tratamentos C3 e 60-90CR. Na tabela, observamos que a concentração de 24 horas de IgG era menor em 30-60CR em comparação com C2. No entanto, 30-60CR foi superior a C1, que foi o MC que foi acrescentado para fazer 30-60CR. Portanto, suplementando o colostro de má qualidade melhorou a IgG do soro, mas não ao nível do colostro natural.
Quando comparamos C3 e 60-90CR, observamos uma grande diferença, o IgG sérico dos bezerros alimentados com C3 é muito mais alto do que os bezerros suplementados. Além disso, a diferença no IgG sérico às 24 horas entre C2 e 60-90CR era bastante pequena e não significativamente diferente, indicando que a adição de CR ao MC que era de alta qualidade não foi eficaz para melhorar o IgG sérico. Estes dados indicam que se pode melhorar a má qualidade, mas não se pode melhorar o colostro de boa qualidade
As alterações no esvaziamento do abomaso em bezerros alimentados com MC indicam que o esvaziamento reduz de acordo com o aumento da concentração do colostro. Isto é evidente, uma vez que o colostro materno com mais IgG terá normalmente maior conteúdo de sólidos e de osmolaridade (particularmente pela maior quantidade de gordura e de caseína) e deixará o abomaso mais lentamente. Isto não afetou a concentração da eficiência absortiva ou do IgG sérico, uma vez que a coagulação da caseína no abomaso permitirá a fração de soro (que contém o IgG) deixar o abomaso mais cedo do que a caseína e a gordura. No entanto, quando os pesquisadores acrescentaram substituto de colostro, o esvaziamento do abomaso era mais lento do que quando os bezerros eram alimentados apenas com colostro materno. Não é evidente como a adição de substituto afetou o conteúdo de sólidos ou osmolaridade, uma vez que estes dados não foram comunicados. No entanto, é lógico pressupor que o aumento de sólidos de substitutos – e caseína potencialmente extra – pode estar associado a este esvaziamento reduzido.
A Interpretação
É possível suplementar o colostro materno com colostro em pó, mas os melhores resultados ocorreram quando o colostro de má qualidade foi suplementado. Esta pesquisa mostrou que o aumento da qualidade do colostro materno de 30 para 60 g de IgG por litro resultou numa maior concentração de IgG sérico. Por outro lado, a adição de colostro em pó no colostro fresco de alta qualidade (ou seja, 60 g de IgG/L) teve pouco efeito na concentração de IgG sérico e reduziu a eficiência de absorção de IgG. Uma estratégia plausível seria suplementar colostro materno que é <21% BRIX e usar colostro fresco >21% BRIX sem suplemento.
Referências
Lopez, A. J., J. Echeverry-Munera, H. McCarthy, A. C. Wellboren, A. Pineda, M. Nagorske, D. L. Renaud, and M. A. Steele. 2022. Effects of enriching maternal colostrum with bovine dried colostrum replacer on IgG absorption in newborn male calves. J. Dairy Sci. Vol. 105, Suppl. 1(Abstr.):323. https://www.adsa.org/Portals/0/SiteContent/Docs/Meetings/2022ADSA/Abstracts_BOOK_2022.pdf?v=20220613