Calf Note 206 – Adição de eletrólitos no leite ou no sucedâneo do leite

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Traduzido por: Paula Tiveron, Sandra Gesteira e Rafael Azevedo

Introdução

Eu tive uma boa conversa por e-mail com um colega de outro país. Ele trabalha em uma fazenda de gado de leite, a qual estava tendo sérios problemas com diarreia de bezerros. Estavam fornecendo sucedâneo lácteo para bezerras muito jovens e as bezerras estavam com diarreia branca e aquosa. Eles observaram alguma mortalidade de bezerras devido ao que parecia ser um inchaço abomasal. Meu amigo estava muito preocupado e queria ajudar o fazendeiro e suas bezerras de todas as formas possíveis. Ele me procurou para pedir meu conselho e descobrir quais seriam seus próximos passos. Fiz alguns comentários e recomendações para ele antes de sua próxima visita à fazenda, em pouco dias.

O acompanhamento

Investigações subsequentes indicaram que mais bezerras morreram na fazenda, e ele reuniu mais informações sobre a situação. Um comentário foi que a fazendas estava adicionando eletrólitos ao sucedâneo para substituir os eletrólitos que estavam sendo perdidos devido à diarreia. Eu percebi que isso poderia ter sido uma das causas dos problemas na fazenda… o produtor não estava ajudando seus bezerros…porquê? …… aqui está a resposta:

Coisas para lembrar

Há várias coisas para lembrar sobre suporte de bezerros com diarreia – mas os dois mais importantes são água e eletrólitos.

Bezerros com diarreia perdem água e ficam desidratados. Eu abordo os índices de desidratação no  Calf Note #43. É importante lembrar que a substituição da água perdida é um elemento crítico do tratamento com eletrólitos! Portanto, adicionar o pó eletrolítico ao sucedâneo não resolve esse problema tão importante. É absolutamente necessário repor a água perdida pelos bezerros com diarreia e são necessárias alimentações adicionais de eletrólitos – misturados com água.   

O segundo problema com a mistura de pó eletrolítico no leite ou no sucedâneo é a mudança na osmolalidade do líquido consumido pelo bezerro. Existem algumas boas referências sobre osmolalidade, então não vou entrar em uma descrição detalhada. O que é importante saber é que a osmolalidade do leite ou do sucedâneo afeta a taxa de esvaziamento do abomaso no bezerro. O leite integral tem osmolalidade de cerca de 300 mOsmol/L. Os sucedâneos possuem osmolalidade geralmente maior, mas raramente excedem cerca de 500 mOmol/L. Ingredientes em eletrólitos, como açúcar e sódio, são altamente osmóticos – isto é, aumentam dramaticamente a osmolalidade da solução. Então, quando adicionamos um pacote de eletrólitos ao leite ou sucedâneo, podemos aumentar muito a osmolalidade do líquido final. Quando a osmolalidade excede cerca de 600 mOsmol/L, desaceleramos o esvaziamento do abomaso até que o corpo do bezerro possa diluir o líquido para que possa sair do abomaso. O que acontece depois? Quando o líquido permanece no abomaso, ele pode se tornar substrato para o crescimento de bactérias. A bactéria Clostridium perfringens é um constituinte normal da microbiota gastrointestinal do animal. Normalmente, o fluxo pelo trato gastrointestinal é rápido o suficiente para que esta bactéria não cresça significativamente dentro do trato. No entanto, quando o fluxo de líquido fora do abomaso é prejudicado, esta bactéria pode crescer – explosivamente – dentro do abomaso. As toxinas, gás e ácidos resultantes resultam na característica “inchaço do abomaso”. Muitas vezes, não vemos sinais clínicos, pois o início acontece muito rapidamente.

Resumo

Não adicione eletrólitos em pó ao leite ou sucedâneo para tratar a diarreia.

Algumas pesquisas sobre o inchaço do abomaso estão disponíveis online:

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