Calf Note 179 – Efeito do estresse térmico pré-parto no metabolismo basal de bezerras após o nascimento

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Introdução

Pesquisas continuam mostrando que o estresse pré-parto pode afetar o metabolismo da recém-nascida. Isto parece ser verdade para muitas espécies de animais, incluindo os bovinos. O tipo de estresse que afeta consistentemente vacas leiteiras gestantes é o estresse térmico. Pesquisas anteriores mostraram que o estresse térmico pré-parto na mãe afeta o peso corporal do bezerro (bezerros de vacas submetidas a estresse por calor são 5 kg mais leves que bezerros de vacas resfriadas) e a função imunológica (Tao et al., 2012).

A Pesquisa

Pesquisadores da Universidade da Flórida (Tao et al., 2014) abrigaram 20 vacas secas em resfriamento (RF) ou não resfriadas, alojadas em ambiente de estresse térmico (ET) durante o período seco. Quando os bezerros nasceram, foram imediatamente separados de suas mães e alimentados com 3,8 L de colostro de alta qualidade (1 hora após o nascimento), mais 1,9 L de colostro (12 horas após o nascimento). Do dia 2 ao 42, os bezerros foram alimentados com leite pasteurizado (1,9 a 3,8 L/dia) e decrescentes até o desaleitamento aos 49 dias. A ração e a água estavam disponíveis para consumo a partir dos 2 dias de idade. No dia 55, os bezerros foram expostos a dois testes metabólicos diferentes; um teste de tolerância à glicose (TTG) e um desafio com insulina (TSI).  

O objetivo do TTG é descobrir como os bezerros respondem quando uma dose de glicose é infundida na veia jugular. Normalmente, a glicose no sangue aumenta após a administração, seguida por aumento na concentração de insulina no sangue. O corpo secreta insulina na circulação para regular a glicose no sangue. À medida que a glicose aumenta a insulina é secretada, o que promove a captação da glicose da circulação para vários tecidos corporais. Desta forma, a glicose no sangue pode ser regulada rigorosamente pelo animal.

No estudo de Tao et al. (2014), a concentração de glicose e insulina em bezerros nos dois grupos aumentaram em até duas horas após a infusão de glicose. Embora sem efeito nas concentrações de insulina, a concentração de glicose plasmática foi menor nos bezerros das vacas com estresse térmico. Isso sugere que quando a glicose foi infundida, os bezerros de vacas com estresse térmico foram mais eficientes em mover a glicose da circulação para outros tecidos do corpo, então o pool de glicose circulante permaneceu mais baixo. Assim, parece que outros tecidos, incluindo as células adiposas utilizaram glicose mais eficientemente quando os bezerros vieram de vacas com estresse térmico. Embora objetiva-se que bezerras e novilhas utilizem glicose de forma eficiente, também queremos evitar o direcionamento da glicose para o tecido adiposo, pois isso pode contribuir para o excesso de gordura, ao invés de um bom crescimento corporal.

Os resultados do teste de sensibilidade à insulina também mostraram pouco efeito da injeção de insulina na área sob a curva, uma medida de concentração ao longo do tempo (ASC). No entanto, quando a insulina foi injetada, bezerros nascidos de vacas com estresse térmico apresentaram menor área sob a curva de glicose em comparação com os bezerros de vacas resfriadas.

Em conjunto, esses dados sugerem que o metabolismo basal dos bezerros é afetado pelo estresse térmico imposto à mãe durante a gestação. Este estudo mostra que o modo como os bezerros usam a glicose é alterado.

Se esta alteração no metabolismo da glicose afetará a predisposição do animal, não está bem definido. No entanto, outros resultados sugerem que o aumento da capitação da glicose em resposta ao TTG ou ao TSI predispõe os animais ao risco aumentado de depósito adiposo.

Gerenciar o ambiente das vacas é importante para sua saúde e produtividade. Os resultados deste estudo sugerem que o resfriamento das vacas secas também é importante para a saúde e, talvez, a produtividade futura do bezerro.

Referências

Tao, S., A.P.A. Monteiro, M. J. Hayen, e G. E. Dahl. 2014. Short communication: Maternal heat stress during the dry period alters postnatal whole-body insulin response of calves. J. Dairy Sci. 97:897–901.

Tao, S., A.P.A. Monteiro, I. M. Thompson, M. J. Hayen, e G. E. Dahl. 2012. Effect of late-gestation maternal heat stress on growth and immune function of dairy calves. J. Dairy Sci. 95:7128–7136.

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