Calf Note #145 – Observações sobre o bem estar de bezerros e o consumidor

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Introdução

No dia 22 de Outubro de 2009, fiz uma apresentação na Conferência de Nutrição Cornell em Siracusa, Nova Yorque. Minha apresentação focalizava um aspecto de gerenciamento de bezerros o qual tem sido uma preocupação crescente para mim. Especificamente aquela que trata dos índices de falha de transferência passiva (FPT) em bezerras recém nascidas os quais se apresentam inaceitavelmente altos nos Estados Unidos. Conseqüentemente, a mortalidade de bezerros e a mortalidade têm potencial para conceder um brilho negativo em nossa indústria. Embora muito de FPT deva-se a variação na qualidade de colostro, quantidade e práticas alimentares; entretanto, a decisão consciente em não alimentar as bezerras ou alimentá-las em quantidades inadequadas de qualidade do colostro também contribui para o FPT.

Resumidamente após a minha apresentação em Siracusa, novas informações relataram que o USDA fechou um abatedouro na Grand Isle em Vermont devido aos abusos de bezerras jovens durante o abate. A Sociedade Humana Americana de (HSUS), uma organização dos direitos dos animais, contratou um “investigador” secreto para que se instalasse uma câmera escondida e assim fosse possível capturar as operações do abatedouro. O vídeo documentou claramente os abusos dos animais e a violação das regras USDA que ocorreram na presença dos inspetores da USDA.  Os vídeos foram postados na internet para o mundo inteiro ver.  Havia já ocorrido solicitações para regulamentos mais severos acerca da manipulação, transporte e abate de bezerras. O senador Feinstein da California e outros parlamentares do senado americano e a Câmara dos Representantes solicitaram ações contra pessoas e indústrias que violavam os regulamentos.

Nossa reputação como indústria é prejudicada em função de negligência e tratamento desumano com os bezerros em Bushway Packing ou em qualquer outro local. Embora poucos consumidores estejam atualmente diretamente envolvidos com a agricultura animal, estes consumidores têm expectativas sobre a qualidade e segurança da alimentação que eles consomem.  Progressivamente eles têm expectativas acerca de como os animais são tratados, transportados, alimentados e manipulados.

O que é um “contrato social”? Um contrato social é um conjunto de regras (escritas ou não) em que todos concordamos em viver e trabalhar por elas. Por exemplo, quando voamos por uma linha aérea, assumimos que os pilotos foram adequadamente capacitados para pilotar, eles tem adequada experiência, o avião está propriamente funcionando e o tráfego aéreo guiará o avião para que pouse em segurança no destino planejado. Muitas destas regras são claramente definidas pelas regras governamentais que ditam esquemas de treinamento, manutenção dos aviões, dentre outras.

Quando se refere à agricultura, há um significante, embora diferente contrato social. Estas regras são escritas pelo menos para alguns níveis de interesse governamental, manipulação e regulamentos sobre transporte. Outras partes, não são escritas, mas, de certa forma são esperadas. Elas estão igualmente sujeitas a alterações. Os consumidores acreditam que a alimentação é segura, nutritiva e saudável. Eles esperam que os produtos animais oriundos de animais tratados, alimentados, abrigados, e gerenciados para as necessidades dos animais tratados com humanidade. Isto é, os animais não eram abusados, negligenciados, ou maltratados. Por favor, observe que esta é a minha interpretação de contrato social; sua interpretação pode ser bastante diferente para diferentes pessoas.

Quando o contrato social é violado, coisas ruins acontecem. Se os consumidores não acreditam na segurança e na salubridade do alimento eles não comprarão. Se eles acreditam que os produtos animais são oriundos de maus tratos ou de abuso, eles solicitarão alterações no modo como os animais são cuidados e tratados. Reportamo-nos aos animais que sofrem abuso em Vermont. Os indivíduos responsáveis pelo abuso perderam a sentido de responsabilidade moral em relação à manipulação destes bezerros com cuidado e prudência.

Embora as pessoas envolvidas sejam punidas, nossa indústria será igualmente punida. Nossa indústria será responsabilizada, pelo menos para nós, e isto possibilitará a nossa indústria que esta aumente os cuidados esperados pelo público. Se não aceitarmos e agirmos mediante nossa responsabilidade isto será imposto a nós através de outra parte; ou pelos regulamentos governamentais ou pelas diretrizes de cuidados animais constituídos pelos grupos de direitos animais.

Por exemplo, na divulgação pela mídia do anúncio do vídeo, HSUS anunciou que eles fariam uma petição ao USDA para impor novos regulamentos direcionados a proibição do transporte de bezerros com idade inferior a 10 dias. Eles querem forçar a indústria para que estas mudem a interpretação radical deste contrato social. Como indústria, temos que compreender o que a maioria do público espera de nós, (não obstante os elementos radicais) e mudar o modo como vemos as coisas para que então possamos satisfazer as expectativas.

Minha opinião é que a proibição de transportes de bezerros com idade inferior a 10 dias é uma péssima idéia. Acredito que este procedimento aumentará a morbidez e a mortalidade não a diminuindo. Seria potencionalmente mais prejudicial do que benéfica. As agências reguladoras deveriam pensar e muito sobre as implicações das alterações destes regulamentos antes de impô-los a indústria.

Os gerentes de fazendas de bezerros são excelentes administradores. Eles recebem os animais jovens e desenvolvem programas de nutrição, gerenciamento e biosegurança no sentido de diminuir a morbidez e a mortalidade.  Muitos criadores de bezerros que rotineiramente recebem bezerros de 0 a 2 anos de idade alcançam menos de 5% de perdas dos animais durante o período de pré desmame. Isto se compara muito favoravelmente com os 7.8% de mortalidade durante o período de pré-desmame registrado nas fazendas pelo USDA.

Forçar os bezerros a permanecer em locais que não possuem habilidades de gerenciamento ou criação de bezerros nos primeiros 10 dias poderia resultar em nada menos que uma grande mortalidade.  Além do mais, a partir de uma perspectiva imunológica, os bezerros estão bastante susceptíveis a desenvolverem enfermidades entéricas durante o período de 7 a 10 dias de idade. A mobilidade dos bezerros neste período de sensibilidade seria estressante aos animais e aumentaria potencionalmente o risco de transmição da doença aos outros animais.

Outras violações potenciais do nosso contrato social é a deficiência de alimentação de colostro para os bezerros especialmente aqueles bezerros que deixam as fazendas em direção aos abatedouros ou fazendas de gado. Não há desculpas para esta prática, não importando o fator sexo dos bezerros. A disponibilidade do colostro materno da fêmea ou de outras vacas ou mesmo de suplementos e produtos de reposição fazem que seja exeqüível e econômico ao fornecimento de imunoglobinas aos recém nascidos. Os bezerros machos sem valores econômicos inserem-se neste assunto. O consumidor espera que os bezerros recém nascidos sejam tratados humanamente e que a estes animais sejam oferecidos oportunidades de prevenção e cuidados para evitar o estresse e doenças. O produtor de laticínios tem obrigação em oferecer colostro aos bezerros recém nascidos.

A indústria lacticínia tem excelente reputação em relação a cuidados humanos com as vacas, novilhas e bezerros. Produtos como leite, queijo e sorvetes são vistos como nutritivos, saudáveis e salubres. Todavia a indústria obterá uma imagem negativa se nós não tomarmos conta de nossas vacas.

Reiterando o meu ponto de vista – a indústria, os criadores de bezerros e os produtores de gado compartilham de uma obrigação em relação aos bezerros recém nascidos. Isto inclui alimentação a alimentação, manipulação e transporte humanizado. Está incluso igualmente ações para minimizar o estresse, limpeza e alojamento seco. E inclui também a alimentação por fonte de IgG afim de fornecer imunidade passiva. Estas obrigações existem se a bezerra permanecer na leiteria, mover-se para fazendas de gado ou irem para os abatedouros. Quando violamos estas obrigações, colocamos em risco os regulamentos impostos a nós pelos governantes ou para aquelas pessoas as quais vendemos os nossos produtos. Se não fosse o FDA seria o Mac Donald’s que nos impõe o seu gerenciamento. Seria melhor se optássemos por uma abordagem pró-ativa no sentido de colocar a nossa casa em ordem sem intervenções externas e não simplesmente evitar os regulamentos e as regras externas a nós, isto sim é o correto a ser feito.

Finalmente, aditando, as opiniões e os pontos de vista expressos nesta Calf Note são de minha própria autoria.

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